Uma análise simples para um país que deixará de ser simplificado

21/04/2024 às 09:32
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O Brasil nasceu como um negócio colonial. O sistema político mudou, mas a estrutura exploratória foi mantida após receber camadas de verniz. Em 1889 os escravos foram substituídos por empregados miseravelmente remunerados. Na fase atual, os juízes empunham os chicotes que legitimam o abismo social.

A disputa pelo poder político não é entre esquerda e direita (a direita nunca deixou realmente de comandar o país), nem entre os banqueiros e os industriais (eles são parceiros e frequentam os mesmos clubes). Operários/sindicatos acreditam disputar o poder, mas só podem apoiar uma facção do capital.

O orçamento segue sendo basicamente dividido entre os especuladores/banqueiros (que recebem juros da dívida pública) e os produtores rurais (financiados com dinheiro público). Nos bastidores militares e juízes disputam sobras orçamentárias crendo ser muito importantes (apesar de serem descartáveis).

O Brasil é um país simples, mas complicá-lo pode render atenção, votos, fama e algum dinheiro. Esse é o ramo explorado pela imprensa e pelos partidos de direita. A esquerda (ou a direita com roupinha vermelha) está no poder porque simplificou sua atuação. Ela mantém a bosta crescendo e sendo rolada.

Não é difícil entender o desespero do clã Marinho e dos "canetas" dele na imprensa com a possibilidade de Deltan Dellagnol e Sérgio Moro serem denunciados por crimes graves cometidos durante a Lava Jato e apurados pelo corregedor do CNJ. Assim que as denúncias forem apresentadas à Justiça, ambos só poderão delatar os patrões deles nos EUA e os donos de empresas de comunicação que prometeram a ambos blindagem jornalística à Lava Jato usar métodos ilegais e imorais para destruir Lula e o PT. 

A denúncia dos vilões lavajateiro atenta contra a versão simplificada do Brasil explorada lucrativamente pela imprensa. Ela também cria condições para um aprofundamento indesejado da democracia brasileira mediante uma melhor distribuição de renda e de oportunidades. Isso obviamente assusta muito os barões da mídia e milhares de seus capitães do mato togados. 

Sobre o autor
Fábio de Oliveira Ribeiro

Advogado em Osasco (SP)

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